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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, novembro 17, 2013

SITE DA CRUZEX 2013 VEM COM BANDEIRA DOS ESTADOS UNIDOS


Parabéns à FAB pela brilhante organização dos exercícios militares aéreos da Cruzex 2013 no Nordeste. 
Com todo o respeito pela nossa Força Aérea,  faço, no entanto, duas observações: a recente inclusão dos EUA e do Canadá, países da OTAN, no evento, que é realizado desde 2002, eliminou a possibilidade de transformá-lo no primeiro projeto do embrião de um sistema de manobras militares conjuntas e periódicas, envolvendo um grande número de países da UNASUL e do Conselho de Defesa Sul-americano.
Esse fato abre a possibilidade de que outro país sul-americano o faça, se a FAB não estudar a inclusão em seu calendário de manobras, de um outro encontro, sem os EUA e o Canadá como participantes.
Em segundo lugar – o pessoal do Comando da Aeronáutica pode não ter percebido - a imperdoável ausência do espanhol – língua da grande maioria dos países convidados - do site oficial do evento, que tem como alternativas ser lido apenas em português ou em inglês, este último idioma assinalado com o absurdo - para o local e a circunstância - botão de uma bandeira dos Estados Unidos.
Como dizia o professor da escola de homens-bomba, o diabo está nos detalhes, ou "os grandes problemas vêm em pequenos pacotes".
A não ser que os EUA fossem co-organizadores do evento ou seus patrocinadores, o que não é o caso, a omissão representa, no mínimo, uma descortesia e um equívoco estratégico (que talvez ainda possam ser resolvidos a tempo) com países e clientes do Brasil, como a Força Aérea do Equador, que compareceu com seus novos Super-Tucanos.
Na pior das hipóteses, fica um recado de rasteira subordinação aos EUA (por que não uma bandeira do Canadá, país que também tem o inglês como língua, ou simplesmente as opções português/english por extenso?). E, como para bom entendedor um pingo é letra, uma mensagem que poderá ser interpretada por oficiais de forças áreas sul-americanas como: “olhaí, cucarachas... nós e nossos amiguinhos gringos estamos por cima, e vocês, por baixo”:

http://www.cruzex.aer.mil.br/index.php



     

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